Resumo: Foi uma experiência única e que mudou minha vida! Foi também meu primeiro contato com o mundo, com novas culturas e foi quando passei a entender quem eu era profundamente.
Senta que lá vem história e dicas valiosas para você considerar em sua viagem pela América do Sul.
Foram 9000 km rodados por três países da América do Sul (Bolívia, Chile e Peru). Gastei menos de R$ 2500 e viajei por 21 dias.
Sobre os perrengues… foram vários mas a alegria de estar vivendo meu sonho era maior do que qualquer empecilho. Peguei carona na carroceria de uma camionete, fiquei 02 dias sem tomar banho na Bolívia, tomei chá de coca e voltei sem o coro na cabeça (queimado pelo sol no deserto do Atacama). Foi realmente uma viagem insana, sem apego material e rica de experiências.
Eu sempre digo que esse mochilão foi um divisor de águas pra mim, pois me possibilitou uma quebra de paradigmas que eu tinha até então.
Ultrapassando esses limites, eu descobri um novo mundo e desde então, minha vontade de viajar que já era grande, só aumentou.
Tudo começou em 2013 quando minha madrinha fez uma viagem para o Peru. Ela ficou 7 dias, foi de avião e quando voltou me mostrou fotos. Minha madrinha também é historiadora e me deu aulas de história e foi com ela que eu aprendi sobre os Incas.
A história Inca, sempre me despertou interesse. Desde as aulas de história, dadas pela madrinha até o dia que ela fez essa viagem para o Peru e me mostrou as fotos da viagem. Foi nesse dia que veio o estalo: “Eu vou pra lá! Não sei como ainda, mas eu vou!”
Comecei a sondar pra ver quanto ela havia gasto pra realizar essa viagem, mas os valores pra mim na época, eram absurdos.
Mas eu queria muito conhecer a história desse povo fantástico, inteligente e de engenhosidade sem tamanho. Que cultura fascinante. Sim, eu estava determinada a dar meu jeito para tornar essa trip possível.
Foi então que comecei a pesquisar formas de fazer essa viagem de forma mais econômica. Em meados de 2013 encontrei um fórum e comecei a trocar ideias com outros viajantes. Em meio aos vários relatos, vi que era possível gastar pouco, viajar mais e conhecer muitos outros lugares se eu praticasse uma forma mais desapegada de viajar. Nesse momento decidi que iria colocar a mochila nas costas e iria fazer essa viagem de forma super econômica.
Conforme lia os relatos e pesquisava, vi que seria possível conhecer mais lugares do que havia pensado inicialmente. Fui acrescentando algumas cidades que gostaria de conhecer além de Águas Calientes, a cidade que fica no pé da cidadela Inca, a famosa Machu Pichu.
Meu roteiro final foi de aproximadamente 21 dias de viagem, incluindo uma rota por 3 países da América do Sul: Bolívia, Chile e Peru.
Decidi que faria o trecho todo via terrestre, pois me possibilitaria uma imersão mais profunda e seria uma forma muito mais econômica.
Quando eu falei para minha família e amigos que faria um mochilão sozinha recebi muitos baldes de água fria. Muitos tentaram me desanimar com falas do tipo “você não pode ir sozinha”, “mas você é mulher”, “você só pode estar louca”, “vão te roubar, estupr@r”, entre outras falas negativas. Mas eu estava decidida a seguir meu sonho e realiza-lo.
Foram meses de pesquisas e planejamento da viagem, bem como estruturando o lado financeiro.
Trabalhava pra guardar dinheiro pra viagem e pra comprar alguns equipamentos que precisaria. Cheguei até a fazer uma rifa pra angariar mais uns trocados pra trip.
Um mês antes da viagem, conheci uma outra mochileira que faria parte da viagem comigo.
Chegado o grande dia, foi uma loucura… Frio na barriga e ao mesmo tempo uma alegria que não cabia em mim.
Embarcamos em fevereiro de 2014, em um ônibus com destino a Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Mal sabia eu quantas experiências eu viveria durante essa jornada.
O primeiro busão com destino a Campo Grande quebrou no meio do caminho e tivemos que pegar uma carona.
Loucura loucura! Fomos na capota de uma caminhoneta até a próxima cidade pra pegar outro ônibus.
Nem tinha saído do Brasil e os perrengues já tinham começado.
Esse atraso com o ônibus quebrado me fez perder o trem da morte, gostaria de ter pegado ele quando cheguei a Puerto Quijarro, mas não consegui por causa do horário.
Bom, em resumo, conheci lugares incríveis como o salar de Uyuni, o deserto do Atacama, Machu Pichu e todo o vale sagrado dos Incas.
No total foram 15 ônibus, 9 táxi, 2 van, 1 4×4 + aluguel de bike e muita perna (haja perna pra caminhar).
Passei mais de 20 horas dentro de um ônibus.
Queimei meu couro cabeludo com o calor no deserto do Atacama.
Fiquei 3 dias sem tomar banho na Bolívia.
Dividimos um táxi em 7 pessoas no Peru.
Tomei chá e mastiguei folha de coca.
Passei mal com uma pizza antes de subir para Machu Picchu.
Atravessei a fronteira da Bolívia com o Brasil com um ex n@rcotr@ficante (diz ele que era ex, mas eu não coloco minha mão no fogo rss).
Conheci a loucura do trânsito de La Paz (até hoje não vi nada igual).
Passei vergonha com meu ordinário portunhol da época.
Conheci pessoas que levo pra vida e tantas outras que jamais vou ver de novo.
Comi comidas típicas.
Fiz trekking em altitude
Nem tudo eu registrei, mas eu vivi intensamente aqueles momentos.
E hoje percebo o quanto esse mochilão me fez bem.
Me fez ver o mundo diferente e ampliou MUITO minha percepção sobre a vida.
Aprendi sobre o mundo, mas aprendi muito mais sobre mim.
Por isso incentivo as pessoas a fazerem o mesmo… A se aventurar! A viver a vida intensamente.
A sensação é libertadora. Foi de fato a primeira vez que me senti livre. Me senti eu mesma!
E a partir desse mochilão, entendi que eu precisava explorar e viver o mundo que se ampliava através do horizonte.
Entendi que podia ser quem eu quisesse ser. E que não importa o que os outros falem, eu sou capaz de realizar meus sonhos (e você também)!
E que de fato o mundo tem o tamanho dos nossos sonhos. Pense grande, sonhe mais grande ainda.
Essa é uma pequena história, não somente de uma viagem mas da realização de um sonho e da transformação que isso pode causar em uma vida.
Me conta aqui nos comentários, você já fez um mochilão e qual foi sua experiência com a mochila nas costas?
Agradeço por ter lido até aqui, bons ventos e uma livre jornada!